Sistema de som na igreja
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Sistema de som na igreja
Será que esse texto é relevante? hahahahahahaha nossa já ri muito!!!!!
Calcanhar de Aquiles de todas as igrejas, o sistema de som é sempre rodeado de entendidos desconectados, normalmente adolescentes fascinados que anelam por uma oportunidade de passar o sermão fora do templo, na cabine de controle. Via de regra aprendem um pouco de mixagem. Adoram os recursos de eco. Têm uma propensão e um gosto estranho à microfonia (são sempre os últimos a detectar os apitos desconcertantes,abrigados em suas fortalezas inexpugnáveis), e desconhecem por completo o recurso de "cortar" um microfone que não está sendo utilizado (ou então cortam todos, inclusive o do pastor, que fica desesperado acenando e pulando - quando está prestes a iniciar o sermão).
Em tempos idos, um microfone bastava ao conjunto coral e, mais ainda, a um quarteto. Hoje, é necessário uma profusão de microfones individuais, com fios multicoloridos, gerando um cabo de espessura tal, que uma igreja quase veio abaixo quando a parede foi "cortada" para passar o avantajado cabo de som, do púlpito até a casamata - olimpo impenetrável dos novos gurus da difusão eletrônica. A passagem deixou uns meros dois centímetros de reboco sustentando toda a lateral do templo. Há também uma técnica insuperável de sustentar todos esses microfones, que devem ser segurados, pelos cantores, entre anulares e o polegar, com o dedo mínimo levantado (deve haver alguma interatividade antenática com o receptor do som). O microfone, assim segurado, deve se situar em um ângulo exato de 48 graus, medidos da vertical do corpo (nem sempre coreograficamente mantida) com a linha imaginária que representa o microfone, de cima para baixo – ou seja, considerando-se o vértice do ângulo o ponto onde o microfone cola na boca – mas isso já é outra história, voltemos aos técnicos.
Nossos sonoplastas, adentram o mundo curioso da sonorização construindo em cima da premissa de que decibéis foram criados para serem explorados ao máximo e que os medidores só cumprem a finalidade quando estão batendo no limite superior. Insensíveis à possibilidade de pulverização do som (pequenas caixas espalhadas pelo templo - muito mais eficientes), prescrevem mega-caixas a serem penduradas nas laterais do templo, as quais, mesmo quando utilizadas em moderação (coisa rara), para que o som chegue ao final da igreja, cumprem a tarefa de estourar os tímpanos dos mais incautos, que inocentemente atenderam os rogos do pastor para que viessem sentar "mais à frente"!
Esses profissionais do ritmo, quero dizer, do som, demoram de quinze a vinte minutos para diagnosticar que aquele microfone falhando, ou aquela introdução de um som semelhante ao de uma cascavel sibilando – prestes a dar o bote, é uma indicação de uma bateria fraca no microfone sem fio (demoram, depois, mais dez para achar a nova bateria e mais cinco para trocá-la, perante o olhar patético do pastor e, impaciente, da congregação). Acostumam-se com o ruído daquela rádio AM, que teima em penetrar o sistema de som da Igreja, tocando músicas de carnaval, enquanto o pastor fala dos céus, e nada entendem de filtragem da captação de ondas médias (em algumas igrejas exorcizam e benzem os auto-falantes, com uma certa freqüência – medida de eficácia duvidosa que ainda estou pesquisando). Fazem uma maravilhosa instalação de um data-show no teto, mas deixam o ponto de captação no refúgio secreto do operador de som, impossibilitando ao palestrante comandar sua própria apresentação e obrigando-o a fazer um exercício aeróbico frenético, tentando chamar a atenção do comandante do micro, quando tem de mudar os slides. Se os slides têm alguns “botões” que só o palestrante sabe onde estão, então o desespero pré-palestra, e a dança durante a apresentação, é algo cômico que ninguém deve perder.
O quadro é, realmente, negro e barulhento. Se você está planejando atualizar o som da sua igreja, recomendo que pegue uma loja acostumada a instalar som em discotecas e casa de shows. Você sairá com algo bem mais apropriado, modesto e menos ruidoso do que se pegar os especialistas eclesiásticos da atualidade. Por último, não esqueça, quando testar os microfones perante a congregação ainda extasiada com as reverberações da última performance musical, que hoje em dia não se usa mais o anacrônico “som”, “SOM” – pronunciados com aquela gravidade de voz e impetuosidade juvenil de então, em cada microfone. O que está “in”, a coisa da moda e engajada com o que virá a seguir, e ainda por cima ajuda a tirar todos os duendes do sistema de som, é testar cada um deles dizendo: “xô”, “XÔ”, “XÔÔÔ”!
Solano Portela
Calcanhar de Aquiles de todas as igrejas, o sistema de som é sempre rodeado de entendidos desconectados, normalmente adolescentes fascinados que anelam por uma oportunidade de passar o sermão fora do templo, na cabine de controle. Via de regra aprendem um pouco de mixagem. Adoram os recursos de eco. Têm uma propensão e um gosto estranho à microfonia (são sempre os últimos a detectar os apitos desconcertantes,abrigados em suas fortalezas inexpugnáveis), e desconhecem por completo o recurso de "cortar" um microfone que não está sendo utilizado (ou então cortam todos, inclusive o do pastor, que fica desesperado acenando e pulando - quando está prestes a iniciar o sermão).
Em tempos idos, um microfone bastava ao conjunto coral e, mais ainda, a um quarteto. Hoje, é necessário uma profusão de microfones individuais, com fios multicoloridos, gerando um cabo de espessura tal, que uma igreja quase veio abaixo quando a parede foi "cortada" para passar o avantajado cabo de som, do púlpito até a casamata - olimpo impenetrável dos novos gurus da difusão eletrônica. A passagem deixou uns meros dois centímetros de reboco sustentando toda a lateral do templo. Há também uma técnica insuperável de sustentar todos esses microfones, que devem ser segurados, pelos cantores, entre anulares e o polegar, com o dedo mínimo levantado (deve haver alguma interatividade antenática com o receptor do som). O microfone, assim segurado, deve se situar em um ângulo exato de 48 graus, medidos da vertical do corpo (nem sempre coreograficamente mantida) com a linha imaginária que representa o microfone, de cima para baixo – ou seja, considerando-se o vértice do ângulo o ponto onde o microfone cola na boca – mas isso já é outra história, voltemos aos técnicos.
Nossos sonoplastas, adentram o mundo curioso da sonorização construindo em cima da premissa de que decibéis foram criados para serem explorados ao máximo e que os medidores só cumprem a finalidade quando estão batendo no limite superior. Insensíveis à possibilidade de pulverização do som (pequenas caixas espalhadas pelo templo - muito mais eficientes), prescrevem mega-caixas a serem penduradas nas laterais do templo, as quais, mesmo quando utilizadas em moderação (coisa rara), para que o som chegue ao final da igreja, cumprem a tarefa de estourar os tímpanos dos mais incautos, que inocentemente atenderam os rogos do pastor para que viessem sentar "mais à frente"!
Esses profissionais do ritmo, quero dizer, do som, demoram de quinze a vinte minutos para diagnosticar que aquele microfone falhando, ou aquela introdução de um som semelhante ao de uma cascavel sibilando – prestes a dar o bote, é uma indicação de uma bateria fraca no microfone sem fio (demoram, depois, mais dez para achar a nova bateria e mais cinco para trocá-la, perante o olhar patético do pastor e, impaciente, da congregação). Acostumam-se com o ruído daquela rádio AM, que teima em penetrar o sistema de som da Igreja, tocando músicas de carnaval, enquanto o pastor fala dos céus, e nada entendem de filtragem da captação de ondas médias (em algumas igrejas exorcizam e benzem os auto-falantes, com uma certa freqüência – medida de eficácia duvidosa que ainda estou pesquisando). Fazem uma maravilhosa instalação de um data-show no teto, mas deixam o ponto de captação no refúgio secreto do operador de som, impossibilitando ao palestrante comandar sua própria apresentação e obrigando-o a fazer um exercício aeróbico frenético, tentando chamar a atenção do comandante do micro, quando tem de mudar os slides. Se os slides têm alguns “botões” que só o palestrante sabe onde estão, então o desespero pré-palestra, e a dança durante a apresentação, é algo cômico que ninguém deve perder.
O quadro é, realmente, negro e barulhento. Se você está planejando atualizar o som da sua igreja, recomendo que pegue uma loja acostumada a instalar som em discotecas e casa de shows. Você sairá com algo bem mais apropriado, modesto e menos ruidoso do que se pegar os especialistas eclesiásticos da atualidade. Por último, não esqueça, quando testar os microfones perante a congregação ainda extasiada com as reverberações da última performance musical, que hoje em dia não se usa mais o anacrônico “som”, “SOM” – pronunciados com aquela gravidade de voz e impetuosidade juvenil de então, em cada microfone. O que está “in”, a coisa da moda e engajada com o que virá a seguir, e ainda por cima ajuda a tirar todos os duendes do sistema de som, é testar cada um deles dizendo: “xô”, “XÔ”, “XÔÔÔ”!
Solano Portela
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